quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Ah! O Natal...


Bom, esse natal está servindo de férias de dois dias pra gente do CA XII. Estamos na construção do XXI Congresso Brasileiro dos Estudantes de Medicina, uma correria! Reunião todo dia, emails, estresses, tudo! Também rendeu muitas piadinhas internas (a nossa maior mania).

Seria muito bom se nós, tirássemos um diazinho sequer só pra nos divertirmos, esquecermos tudo e só conversar a toa. Faz tempo que não fazemos isso, passar minutos sem fazer repasses de inscrições, palestrantes, infra-estrutura...

Serão, também, dois dias afastados de quem amo, embora, estarei perto do outro lado que também amo.

Fico feliz em ter visto meus pais. Eles moram em São Benedito e fazia tempo que não apareciam. Também senti falta do Joaozinho, passou menos de duas semanas fora e fez falta suas brincadeiras e comentários. Imagina quando for embora de verdade?!

Termino dizendo a mesma coisa da outra postagem, saudades do papai cruel.

postagem pré-natal


Então, aqui estou para mais uma postagem, dessa vez uma pré-natal (impossível não fazer esse trocadilho infame...)

Lembrei da pequena crônica de Clarice Lispector na aula. Interessante como aquele textinho tão pequeno me marcou, com toda aquele simbolismo do missal não ter se desmanchado pelas chamas do quarto.

Bom, amanhã é natal, dia de presentes. Interessante como as datas relacionadas aos eventos de Jesus são todos marcados por concorrentes mais lembrados. Vejamos: no aniversário dele trocamos presentes (o que até dá pra ser compreendido numa perspectiva bem ampla!) e na morte dele comemos chocolates?! E depois falam que os indígenas tem cultura atrasada e são estranhos.

Bom, voltando ao natal, faz tempo que não me emociono ou qualquer coisa do tipo com o natal. Pra ser bem honesta, odeio essas coisas de "espírito natalino", "momento de reflexão" e outras...Afinal, quem faz isso?! Ah!, natal é com família...oras, que grande falsidade da reunião entre famílias! Pessoas que se odeiam, ligadas pelos sobrenome (?), com uma necessidade incontrolável de mostrar o quanto estão bem nas vidas (esforçando-se, inutilmente, para esconder os grandes fracassos que são!), que o casamento vai ótimo, enquanto todos falam entre si: "viu como fulana está gorda", "nossa, como esse cachorro ainda vem pra nossa casa, depois de tanto trair a esposa". Trocam presentes, vão pra casa, falando mal da comida e dormem, esperando o ano que vem.

Espécie de vida que não desejo viver.

Senti falta do 'papai cruel' (Estranho Mundo de Jack, do Tim Burton) que todo ano passava no SBT durante a minha infância.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quem sou eu?!


E, foi durante uma desesperada tentativa de repouso, após semanas extenuantes, lembrei: Não atualizei o blog!!! Peço desculpas aos leitores, digo leitores pois sei que ao menos duas pessoas o lêem (ouvi dizer que não se usa mais esse acento).
Enfim, há bastante tempo a prof. Fátima me pede para escrever meu perfil. E como a visão de nós mesmos é fundamentalmente, baseada no momento em que vivemos, esperei um pouco mais, na esperança (sentimento de auto-piedade mode on) de que não saísse uma visão muito ruim de mim mesma (sentimento de auto-piedade mode off, odeio sentir isso).
Enfim, aproveitando esse noite de insônia:
sou Maria das Graças, pra começar tenho um nome muito grande que todos sempre fazem muitas piadinhas. Não suporto mais a: "imagina quando casar, vai acrescentar o nome do marido ou vai retirar um seu?" Já acho extremo absurdo mulheres acrescentarem os nomes dos esposos aos seus próprios. Somente para citar uma das contradições da nossa sociedade patriarcal opressora que se diz tão justa e fraterna.
Meu nome é homenagem a uma tia falecida. Sempre achei muito forte o fato de uma pessoa morta ter originado meu nome, sempre senti como se tivesse sido marcada por isso. Também nunca me esqueci das palavras de uma tia Maria que afirmava nenhuma Maria na família teria tido uma vida feliz- dizia ela citando diversos exemplos na família. Interessante como essas coisas que me foram ditas na infância, ainda hoje, são, ainda, fortes lembranças de minha vida.
Durante a infância, quando não sonhva em ser astronauta ou cientista, queria ser escritora. Lia as poesias de Drummond sobre Itabira e pensanva se escreveria, no futuro, lindos poemas sobre São Benedito. Sempre desejei uma vida livre, sem as amarras do trabalho, casa, filhos; sempre desejei mesmo ser gauche na vida (nossa, somente nesse momento estou percebendo a enorme influência que aquelas leituras na casa de meus avós maternos têm de influencia na minha construção!!!).
Enfim, mas acabei indo por caminhos, os quais até hoje não sei explicar tão bem, que acabaram por me levar à graduação em Medicina. Acredito ser contraditório pois o nomadismo é incompatível com o perfil da atuação na área de saúde hoje (mudança do perfil epidemiológico para doenças de curso crônico, necessitando de acompanhamento periódico dos profissionais em saúde).
Sou constantemente devorada pelo ritmo em galope- quase uma B3- da faculdade (perdão a piadinha nerd); o que me leva muitas vezes a pensar em abandoná-la. No momento, pra ser honesta, só não a deixo, por que não sei outra coisa que fazer da minha vida. Apesar dos traumas que ela me causa, não odeio a Medicina. Penso em fazer psiquiatria e seguir o ramo da saúde mental pediátrica (forte influência das minhas boas vivências em pediatria, como no abs 5, com a genética clínica).
Tenho enorme fascínio pelo mundo dos sonhos, o fantástico, meio Lewis Carroll e seus devaneios infantis. Paradoxalmente, aos olhos de muitos, a temática da morte também me fascina. Acredito que ambos são complentares, pois sonhamos para nos tornarmos eternos; escapar da morte.
Adoro música! Viajo imensamente ao som de um bom 'progressivo' com solos quase infinitos. Tenho enorme apreço por músicas de décadas passadas, em especial a década de 80. Sou absurdamente fã de The Smiths. Sou, também, apaixonada pela sonoridade de Violoncelos.
Amo pintura. Tenho no meu quarto, uma reprodução de tela de Van gogh, que me lembra um momento especial de minha vida. Mas, meu pintor favorito é Salvador Dali: novamente eu no mundo dos sonhos.
Gosto de boa leitura, Drummond me marcou mais do que eu imaginava; também gosto de Lispector (que foi assunto discutido em nossas aulas), Machado de Assis, Guimarães Rosa, Moreira Campos (ah! o puxador de terço!). Procurei leitura nos mestres do estrangeiro, como Tolstói, Goëthe, Dostoiévski (muito embora, dele, só tenha lido Memórias do Subsolo) e Proust. Indo ao rumo de leitura com enfoque mais revolucionário, tenho buscado autores clássicos como Marx, Engels, Lênin, Rosa, Trotsky, Gramsci, entre outros.
Citei Proust e me lembrei dos meus sonhos de escritora. Tenho alguns poeminhas e contos (o do sísifos está aí para a(de)preciação), espalhados ao longo da casa e de minha vida. Também padeço da síndrome "proustiana" (que, coincidentemente, também tinha o nome grande: Valentin Louis George Eugène Marcel Proust): de tentar, enlouquecidamente escrever a obra de minha vida- obviamente existe uma grande diferença entre meus escritos e os sete volumes do Em Busca do Tempo Perdido.
Também acredito na mudança dos paradigmas a nós colocados nos dias de hoje. Acredito na construção de uma sociedade que tem em seus alicerces, a valorização das pessoas, e não o que sua força de trabalho consegue produzir. Luto pelo fim das opressões, sejam elas de gênero, etina, orientação/ identidade sexual e a pior delas: opressão de classe.
Faço parte do Centro Acadêmico XII de Maio desde quando entrei na faculdade, lugar onde tem sido por diversas vezes meu refúgio (e não somente meu!) quando a graduação parece me afogar.
Termino esse perfil, além de um pedido de desculpas pelo enorme tamanho, com um filme, que muito me emociona, seja pela criatividade, seja pela magia do início do cinema: Le Voyage Dans La Lune (A Viagem à Lua), de 1902, do incrível Georges Méliès.

http://www.youtube.com/watch?v=vZV-t3KzTpw

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

invasões bárbaras


bom, começando pela terça-feira, em que assistimos ao filme invãsões bárbaras. Muito embora tenha discordâncias do filme quanto as lições, aspectos técnicos, entre outros, não há como negar os muitos debates que ele suscita.

Algo que me marcou muito durante todo o tempo em que vi o filme, foi a maneira como Denys Arcand nos leva a pensar que tudo que acreditamos vai se desconstruindo, e como não existem perspectivas de esperança para o nosso século. Discordo muito dessa abordagem, pois acredito na mudança dos paradigmas a que estamos submetidos, atualmente. Lembrei-me diretamente do alemão "adeus Lenin", sendo que diferentemente do último que toca em tom de tristeza (evidenciado no discurso final) invasões fala sobre o tema como se a queda das ideologias fosse algo natural, cabendo aos anacrônicos a manutenção desses ideais, devendo ser citado apenas como boa lembrança de juventude, sem perceber que existe toda uma ideologia por trás que nos leva a acreditar no "fim da história/capitalismo venceu".

Enfim, nem ao menos citei a palavra medicina ou relação-médico paciente nesse post... no entanto, olhos mais espertos (ou mais abstrativos) podem perceber que nesse, dá licença- Huxley, "admirável mundo novo" que o modo como uma sociedade se organiza e forma suas mentes influencia em todas as esferas das relações entre as pessoas.

Para exemplificar, remeto a discussão da quarta-feira:

após lembrarem a cena em que o médico troca o nome do Rémy, as pessoas começam a retratar momentos ruins que vivenciaram em estágios. A profa Fátima, tentou inscitá-los a a se organizar pra evitar que absurdos continuem acontecendo. No entanto, os estudantes rebateram que existe uma hierarquia posta que os estagiários tem menos direitos que os médicos, e que, apesar de injusta, não se pode mudar. Fazendo da aula, o lugar para depositar as amarguras, e depois do momento catarse, todos voltariam a sua condição de opressão subalterna aos médicos so serviço.

bom, no que tange a esse aspecto, prefiro discordar do filme e da ideologia disseminada na atualidade. Lembrei-me agora, falando nisso, do texto do Marco Aurélio da Ros: "a ideologia nos cursos de medicina" que gostaria de citar algumas partes, no entanto, o impresso dei ao prof Ursino e meu computador está com sérios problemas para "ler" pdf (Aaaaaa!onde está o software livre?!). Assim que conseguir o texto novamente passo pelo post e cito.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O motivo de estar aqui


Bom, sempre detestei muito essa história de blog e exposições do tipo, até mesmo orkut estou meio enjoada...
enfim, estou na disciplina optativa de arte e literatura- Humanidades Médicas II, da profa Fátima! (sim, de novo!!! estive com ela antes no abs!). Ela disse que fizéssemos esse blog pra mostrar a todos o que fazemos durante a disciplina.

Acabei escrevendo outra coisa antes da abertura do espaço. A explicação permanece em segredo para o grande público. Abro esse espaço com uma pintura do Van Gogh que tanto adoro! Muito me lembra um lugar que eu freqüento!-no dragão do mar.

Logo aviso, que as notas aqui podem não vir na mesma seqüência das aulas, pois as postagens são permeadas, além do fluxo de memória, pela vontade e inspiração.

Seríamos nós Sísifos?!

Durante o dia, mesma coisa,
com a pedra dos medos
e dúvidas nas costas,
o martírio do silêncio,
o desespero da desconfiança.
A colina é íngrime,
e o peso da pedra
(segredo)
dói ao carregá-la.
E quando estamos sós,
sonhos e planos,
gozos e alívios
então, é no ápice, perdemos o peso da pedra
e ela novamente cai.
Acredito que essa odisséia é passageira,
pois alguem, numa música, me disse
podemos ser de outra categoria mítica
nem que seja por um só dia.